domingo, 23 de outubro de 2011

Da descoberta à dor do amor eterno

O cenário é a China em plena Revolução Cultural. O amor está além das ideologias; ele brota até mesmo em tempos e terrenos improváveis. Havia uma árvore no meio do caminho, no meio do caminho havia uma árvore. A Árvore do amor é o belíssimo novo filme de Zhang Yimou. A fotografia é a personagem principal, ela oferece aos protagonistas os poéticos e lindos cenários que contam a história sobre a descoberta e o destino fatal do amar.
 O espinheiro branco que dá flores vermelhas é a metáfora da descoberta do amor. Sun, um jovem geólogo, e Jing, uma professorinha, fazem da árvore a metáfora do amor impossível de se realizar. Jing, por ser tão jovem, deverá aguardar para poder viver seu amor, Sun, obediente e apaixonado, promete esperar. Da mesma maneira, devem esperar a época em que o espinheiro faz brotar suas flores vermelhas. Então, eles juram vê-las um dia juntos. É ainda uma metáfora sobre a consumação do amor no ato sexual.
Enquanto aguardam, o jovem geólogo oferece a sua amada algumas descobertas e, sobretudo, a sua delicadeza. Sun é um jovem que sabe amar uma mulher. Ele renuncia à urgência para poder colher o amor em seu melhor momento, para que esse se torne eterno. Jing é filha de um prisioneiro político do regime comunista. Por isso ela vive austeramente para reparar a falta paterna. É Sun quem a ensina a extrair do amor seu sumo mais precioso, o desejo pela vida. Sun, num dado momento, sabe que não viverá para consumar o amor no encontro dos corpos no sexo. Ele sabe também que não deve colher o fruto antes de seu tempo. Assim, concede à Jing o seu amor eterno: _ “Se você viver, viverei em você. Se morrer, eu morro. Entende”?
O diretor anuncia no início tratar-se de uma história real. É, na verdade, uma fábula sobre o real do amor, sobre aquilo que não se pode realizar, o UM do amor. A tragédia vivida pelos jovens personagens é o destino de todos nós no amor, o de não realizar o UM. O espinheiro branco que dá flores vermelhas lá espera pelo único momento que não pode se dar, a realização do amor. Sun deu a Jing o melhor que podia lhe dar: apesar da dor, uma razão para desejar e seguir sua vida.
23/10/2011     

sábado, 15 de outubro de 2011

Recomendo

Vocês se lembram do escritor americano Michael Cunningham, o autor de As Horas? Seu romance virou filme sobre a escritora Virginia Woolf (direção de Stehen Daldry).
Pois é, A Companhia Das Letras lançou aqui seu romance mais recente: "Ao anoitecer". A trama gira em torno de um personagem vivendo a crise dos quarenta. Apresso-me em dizer-lhes que não é o meu caso, pois eu estou mais perto da crise dos cinquenta, mas vestindo manequim de trinta e cinco! RsRs...
Contudo, recomendo o livro para ambos os sexos e várias idades. Cunningham tem seu estilo, mas é certo que soube fazer com o que bebeu da fonte de Woolf. Eis um trecho:

"Ambos hesitam. Será que ela também gostaria de ir dormir direto? Talvez. Um está sempre beijando, o outro sempre sendo beijado. Obrigado, Proust. Ele sabe que ela ficaria bem contente de deixar o sexo de lado. Por que ela está esfriando com ele? Tudo bem, ele está com uns quilos a mais na barriga, e, claro, sua bunda não está mais voltada para o norte. E se ela estiver de fato deixando de amá-lo? Seria trágico, ou libertador? Como seria se ela o libertasse?"
Deixo uma provocação:
São as mulheres que abandonam seus homens quanto ao amor e ao sexo os oferecendo a outras, ou são esses que se fazem abandonar?
Até breve!

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

To Jobs or not to Jobs...

As velas virtuais acessas nos vários cantos do mundo em homenagem a Steve Jobs talvez nos indique que esta é a primeira grande perda da juventude de hoje. Ele era uma espécie de POP Star, um ícone desta nova geração de inteligências humanas. Por que tememos tanto a tecnologia? Falo por mim, pela minha resistência a olhar um mundo em que a exuberância das imagens e a velocidade da informação predominam. Jobs, mesmo com sua morte precoce, foi além de seu tempo. Já deve estar trocando ideias com Stanley Kubrick sobre os destinos do homem neste século. Contudo, dois incríveis curiosos vieram se juntar a eles: Einstein e Freud. Esses últimos não poderiam perder tal discussão.
Enquanto isso, aqui embaixo, dialogo com Jabor. O Jabor de meu jornal matinal é uma espécie de interlocutor privado, sucessor do meu “amigo invisível” de minha infância. “Steve Jobs criou uma ‘ciência alegre’”, escreveu ele ontem no Globo. Enfim, há ciência num mundo dominado por enunciados pseudocientíficos.
Demorei a perceber que durante muito tempo me comportei como um religioso ortodoxo que trata a novidade como coisa do diabo. Hoje, escrevo no meu impensável Netbook. Jabor cita Marx: “O capital não cria apenas objetos para os ‘sujeitos’ consumirem, mas cria também ‘sujeitos’ para os objetos de consumo”. Jobs reinventou o consumo, as velas virtuais acessas em iPads nos demonstram isso: as imagens possíveis por uma tecnologia digital expressam um sentimento tão antigo, como o da dor e da comoção diante de uma perda.
Nossos filhos não querem destruir os museus, embora eles (os museus) exibam o domínio, muitas vezes violento, de alguns povos sobre outros. Nossos filhos não querem apagar o passado. Eles querem chegar lá de outra maneira, como no filme De volta para o futuro. Eles contam com uma tecnologia fabulosa que os levarão além de nosso sistema solar. Mas, como Kubrick acabou de afirmar a Jobs, soube pelo facebook, o homem vai evoluir mantendo tão somente seus impulsos mais primitivos. Einstein encaminhou, por sua vez, um MSN revelando que foi Freud quem soprou no ouvido do cineasta.
Meu filho não conheceria o Kubrick de O Iluminado, Charlie Chaplin, Hitchcock, Beatles, Mutantes e Novos Baianos se não fosse através da tecnologia desenvolvida por Jobs: seus iPods, iPhones e iPads. A tecnologia, utilizada pelo meu filho, o aproximou do mundo de minha própria adolescência. Ao contrário de sucatear a estética de meu tempo, a tecnologia desenvolvida por Jobs a valorizou.
Então, por que tememos a tecnologia? Nós, psicanalistas, falamos tanto da economia do gozo; digo o consumo instantâneo de tudo que produz não prazer, mas, “mais além de prazer”. Entretanto, estamos remetidos nostalgicamente a um suposto tempo em que a Lei sustentada pela figura do Pai vigorava de forma ideal. A lógica que deu origem aos computadores é a mesma que está em jogo para a Psicanálise, nos demonstra Lacan. Trata-se da lógica binária do zero e do um. Ou a função opera ou ela não opera. E os elementos estruturais presentes nessa função são: o Pai, o significante falo e a castração. A função é necessária, mesmo assim, não garante, ela é “não toda”. Não por acaso, os matemáticos criaram os números reais. Jobs criou sua ‘ciência alegre’ na mínima liberdade dos milésimos que desmentem os números inteiros. Com Jobs teremos deixado de ser cartesianos para sermos mais inventivos? To Jobs or not to Jobs...
12/10/2011

Entre a velha amizade e o velho futebol

Hoje é domingo, dia de Fla-Flu no Engenhão_ saudades do Maracanã! Seja qual for o resultado do jogo, deveremos acordar com más notícias sobre confronto e violência entre torcedores. Se o futebol era coisa de homem em tempos remotos, era porque não era coisa de covardes como vemos atualmente.
Esta manhã no supermercado fui testemunha de uma cena cada vez mais rara. No caixa havia dois rapazes, cada um vestindo o manto sagrado de seu time: Flamengo e Fluminense. No carrinho de compras, tudo que era necessário para um bom e tradicional churrasco de domingo. Não resisti à bela cena, então comentei com eles que mereciam a primeira página do Globo. Um deles observou:_ “É, mas quando a bola tá rolando o ‘bicho pega’. Vale xingar o time do outro e reclamar do juiz. Mas, quando há o apito final o que valeu mesmo é o encontro de amigos”. O outro concorda e acrescenta:_ “A gente sempre recomenda para quem põe o futebol na frente da amizade que não vá ao churrasco”.
Ora, esses caras reinventaram a amizade e o futebol. Ninguém vai ao supermercado com a camisa de seu time se não leva muito a sério e se não é muito apaixonado por futebol. Mas a velha amizade é algo sagrado. Certamente os deuses dos gramados concederão a essa turma um grande espetáculo, tudo em nome do maior esporte do mundo e da instituição mais valiosa: a amizade. É claro que há a rivalidade, os ânimos quentes, como eles mesmos disseram, contudo, há algo maior que não vale a tragédia que lemos nos jornais depois de grandes clássicos. Há a celebração da força, da beleza do futebol que tal como a vida nos faz pulsar e nos emocionar. Ary Barroso e Nelson Rodrigues estarão nesse churrasco. Amém!
09/10/2011  

Meia noite em Paris ou sobre o poema filmado

Se um poema pode ser filmado, este é o caso de Meia noite em Paris, a maravilha mais recente apresentada por Woody Allen. É isso mesmo, não sou crítico de arte, sou espectador, por isso não economizo nos adjetivos e superlativos quando os uso. Woody Allen é um gênio, um artista que por ter feito tantos anos de psicanálise não tem pudor em abordar a neurose ou a nossa psicopatologia da vida quotidiana. Ele faz isso há muitos anos, vem fazendo de diferentes maneiras sempre geniais. Costumo dizer que ele constituiu sua própria teoria sobre o sujeito.
Um verdadeiro artista sempre é capaz de nos surpreender, costuma estar mais perto do inconsciente, como nos adiantou Freud: “O artista precede o psicanalista”. Qual foi para mim o ponto de captura, a abertura que me fez embarcar na trama? Woody Allen foi preciso na combinação de dois ingredientes fundamentais nesta história: melancolia e humor. A medida certa acarretou o seguinte resultado: melancolia + humor = delicadeza.
A delicadeza é o efeito poético desse filme delicioso que nos brinda em sua abertura com tomadas inesquecíveis da sempre eterna e belíssima Paris. Mesmo que alguns críticos rebatam argumentando tratar de cinema turístico. Cabe ainda mencionar a linda trilha sonora que ilumina as cenas.
Woody Allen está diferente. Havia algo de rancor, frustração, ressentimento e descrença em suas receitas de humor. Ele sempre conseguiu resultados incríveis, sem dúvida. Entretanto, seu humor acarretava outras possibilidades de sentimentos, como por exemplo, a sensação de sermos ridículos, risíveis e mesquinhos em nossa existência.
Em tempos sem luto, falar de melancolia é muito delicado. A nostalgia e a saudade por aquilo que nunca vivemos, digamos a realização do ideal do Outro, nos traz uma profunda dor de existir. A nostalgia é a dor que não existe, por isso mesmo a mais lancinante quanto nos chega ao coração, em nossos dias sem cor. Falar do que não existe, eis o desafio de Woody Allen.
 Mas sua genialidade se faz presente ao nos brindar com a personagem que a personifica: Adriana (Marion Cotillard). Adriana é linda e sensual, uma combinação ou parceria entre a nostalgia e o belo. O encontro entre Gil (Owen Wilson) e Adriana é a interpretação da forma mais freudiana, como se ocorresse num sonho, do sentimento que habita o perdido roteirista, a nostalgia de seu desejo. O sofredor nostálgico guarda sempre uma relação anacrônica com seu desejo. Gil tem saudades do que ainda não viveu, daquilo que não pode saber por estar alienado ao tempo do Outro.
Gil é desses sujeitos que se deixa conduzir pela demanda do Outro. Escreve roteiros competentes para filmes de sucesso nos padrões de Hollywood e dos quais está farto. Vai se casar com Ines (Rachel McAdans) que parece querer ditar seus passos. Está envolvido com o projeto de um romance, algo ousado para ele, porém está inseguro e vacilante, a própria noiva não lhe põe muita fé.
O desorientado personagem acabará por embarcar num calhambeque que lhe surge na batida da meia noite. Perplexo descobrirá que seu destino foi a Paris dos “Anos de Ouro”, dos anos 20. Encontra-se pessoalmente com ícones daquela época, artistas como Scott Fitzgerald, Ernest Hemingway, Picasso, Dali, Buñuel, Gertrude Stein e tantos outros.
Este é um modo de Woody Allen nos fazer ver que Gil está alienado ao tempo do Outro, esses “Anos Dourados” da nostalgia de nosso personagem virado para o passado idealizado e não vivido, assim ele se lamenta: _ “Nasci no tempo e lugar errado”!
É nesta errância onírica, dado que ele dorme em sua vida o seu sono, que ele encontra Adriana, a jovem estilista que gostaria de ter vivido na Belle Epoque. Ela acende em Gil o seu desejo, ela o seduz, ela que é a personificação bela de sua nostalgia.
Woody Allen é um mestre ao conjugar nessa aventura onírica a melancolia e o humor, tudo é tão delicado que nós, espectadores, não percebemos como passamos do sorriso suave para os olhos levemente molhados. Não se trata exatamente do cômico, do caricato, mas de um nos fazer ver o tropeço do sujeito ao topar com seu desejo que ali se apresenta e ele não o vê, e se o vê não sabe como agir. Aqui, cabe o elogio ao desempenho de Owen Wilson ao dar vida ao perdido Gil, que entre a bebedeira e seu sono melancólico protagoniza cenas e situações pitorescas. Não interpreta um bufão, não é o caso. Há uma medida entre o que seria o drama e a comédia do sujeito, o diretor nos faz entrever o pitoresco da relação do sujeito com sua falta_ o nascimento do desejo. O humor é delicado e não burlesco.
 Segundo Freud, ao contrário da melancolia que apresenta o eu (moi) em ruína, o humor o eleva, fazendo o narcisismo triunfar. Ele insiste que no humor o eu se recusa a ser atingido pelas provocações da realidade. Cita a anedota do preso que vai ser executado na manhã de uma segunda-feira: “A semana está começando otimamente”. Neste caso o humor não é resignado, senão rebelde. Além do triunfo do ego, obedece ao princípio do prazer. Assim, evita-se o sofrimento e se produz prazer. Acredito, contudo, que na criação humorística do artista se trata exatamente em abrir mão do narcisismo, da supervalorização do eu. O artista faz da dor narcísica a causa de sua criação, produz um efeito estético com isso. Não é o que denominamos de sublimação?
Teresa Palazzo Nazar, em seu livro O sujeito e seu texto (Companhia de Freud, 2009, p.117), cita Rouanet e sua definição de shandismo: (...) “humor afável e tolerante, capaz de perdoar transgressões próprias e alheias, mas também de zombar, sem excessiva malícia, dos grandes e pequenos ridículos do mundo”.
Woody Allen nos dá a ver como se faz para chegar ao luto atravessando a nostalgia melancólica. Onde houver o luto, poderá haver o humor. Lembremos Lacan ao propor no final de análise não uma resignação melancólica, mas um entusiasmo, um saber fazer com humor sobre nossa perda, nossa paga.
Enfim, Gil se encontra, perdido que estava no tempo do Outro, à espera da demanda e do reconhecimento do Outro. Vai permanecer em Paris, vai concluir seu romance, sem garantias. Termina o noivado, permite abandonar Adriana no lugar ideal de sua nostalgia, mas reencontra no real de seu presente aquela que seria a protagonista de seu romance: a garota do antiquário, aquela que toca os discos de Cole Porter no gramofone: “Let’s do it, let’s fall in Love!” (... Em Paris, é claro).
                                  05/07/2011


        
 

O Cisne Negro ou a Devastação Feminina

O Lago dos Cisnes de Tchaikovsky está para o balé, assim como Hamlet de Shakespeare está para o teatro. Obras que desafiam atores e bailarinos na difícil arte de conciliar o belo com a tragédia humana. Este é o ofício do artista, sublimar o trágico da experiência humana. O filme de Darren Aronofsky é imperdível, pois transporta o clássico para um tempo da cultura politicamente correta da reciclagem. A condição trágica da existência humana é tema desde os gregos. Muitos tentam pasteurizar o filme de Aronofsky reduzindo a fita à cena de lesbianismo que é bela e excitante, porém muito angustiante para ser meramente erótica.
Nina (Natalie Portman) é uma jovem bailarina obcecada pelo papel principal e pela oportunidade de atingir a perfeição. Para isso deverá interpretar o duplo papel do cisne branco e do cisne negro. A “menina meiga”, assim nomeada pelo ódio de sua mãe, é muito técnica, não deixa seus instintos dominarem seus movimentos. Se a trama se passa entre dois cisnes gêmeos (branco e negro), Nina também encontra seu duplo, Lily (Mila Kunis). Ela é fisgada e arrebatada pela imagem da outra ainda no vagão do Metrô.
Nina é uma ótima e dedicada bailarina, mas desconhece seu sexo, não sabe nada sobre seu desejo, pois é devastada pelo olhar e controle onipresente de sua mãe. O balé é até certo momento sua dívida com a genitora, uma bailarina medíocre que alega ter abandonado a dança para cuidar da filha. Nina busca realizar A bailarina. Sua referência é Betty, a grande estrela da companhia, mas verá a mesma sucumbir à devastação.  Ao conhecer Lily, fica fascinada por algo que não pode reconhecer em si mesma. Estabelece com ela uma relação absolutamente especular, paranóica e erotômana. Nina é arrebatada pela figura onipresente de Lily.
O diretor da companhia (Vincent Cassel) é o personagem que alimenta a rivalidade dual entre as bailarinas na medida em que elas disputam o seu reconhecimento. Ele sabe provocá-las com isso, aliás, nisto consiste o próprio enredo da trama de O Lago dos Cisnes, a cobiça e disputa pelo objeto amoroso. Ele pede a Nina aquilo que ela não pode lhe dar, ele pede mais e mais, no sentido mesmo de um gozo o qual ela desconhece. Ele a conduz aos limites do que sua mente e seu corpo podem suportar.
Nina está presa ao corpo da bailarina como a menina vive no corpo do cisne. Aronofsky, em seu olhar de diretor, nos faz testemunhar o nascimento da personagem, arrancado do corpo da bailarina, contudo não apenas isto. Ele também nos escancara a condição terrível de Nina, ela está submetida em seu corpo ao olhar voraz e gozo da mãe, ela é um objeto da mãe. Lily, seu duplo especular, lhe permite vislumbrar outra possibilidade, entretanto, Nina em sua luta mortal com o Outro, vive tal situação na lógica paranóica: ou ela me ama ou ela me odeia. Tem a certeza de que todos os gestos de Lily estão referidos ela.
Nina faz suplência ao mestre. Porém, a atitude do diretor é perversa, ele também a coloca a serviço de seu gozo. Sem saída, ela encontra no suicídio do cisne seu próprio fim, o desempenho perfeito para a morte, por não poder saber sobre seu sexo e seu desejo, só lhe resta responder em ato.
Aí está a loucura, a estética do olhar e a ousadia de Aronofsky, numa inesquecível e brilhante interpretação de Natalie Portman.


05/02/2011