sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Aspirinas, antiácidos e Woody Allen

Feliz 2013! Andei muito ausente do meu blog, passei os últimos tempos ocupado com um projeto que pretendo fazer sair do papel, pois, finalmente, concluí um romance sobre o qual estive debruçado por muito tempo. Agora é tentar publicá-lo. Começamos mais um ano. Eu retorno ao blog lhes indicando um filme que desce como remédio de avó, ou seja, sem drogas, seus componentes são simples como um chá de ervas preparado com carinho, porém muito saboroso. Engraçado eu começar pela avó, sofri com a perda da minha durante todo o ano de 2012, agora pude lembrar e falar dela como uma coisa boa que adoça a boca e a vida. Ela está profundamente em meu coração. Então, e o filme? Ah! Claro! É Paris – Manhattan de Sophie Lellouche. Quando a receita é Paris, Cole Porter e Woody Allen é preciso fazer algo muito ruim para dar errado. Não é o caso de Lellouche, ao contrário, ela é bem hábil nas doses. Uma ótima comédia ao melhor estilo francês. Comece o ano pelo filme, eu o receito, assim como o chá da vovó. Você vai sair com o coração um pouco mais doce. Precisamos de doçura nos dias de hoje. Necessitamos voltar a dar suspiros diante de cenas românticas. Urge que possamos rir de nossas tolas e pequenas bobagens. Rir ainda é o melhor remédio, “mas rir demais é desespero”, por isso “desejo que você tenha a quem amar” _ Obrigado, pela cola, Frejat! Alice (Alice Taglioni) não é a do País das Maravilhas, não, definitivamente ela não. Ela, babem, tem em seu quarto (no seu mundinho particular) Shakespeare, Cole Porter por Louis Armstrong e um Woody Allen privado. Um pôster na parede que fala com ela, não é o máximo? Alice é uma bela mulher, solteira, farmacêutica e apaixonada pelo diretor e seus filmes. Herdou a farmácia do pai _ um sujeito que se define como uma boa mãe judia. A mãe, propriamente, tem problemas com álcool. Os pais se preocupam com o fato de que a moça ainda esteja solteira e, também, com a situação do casamento da outra filha. Apesar das loucuras que eles protagonizam, ou até mesmo por isso, são bem normais. A normalidade francesa é bem distinta da americana. Paris não vai à Manhattan, mas Manhattan vem à Paris. Woody Allen é nova-iorquino, mas é um judeu que conhece a normalidade francesa. Ele sempre soube fazer rir extraindo o melhor da loucura, da neurose cotidiana. O diretor adora a Psicanálise e, por isso, debocha dela de forma muito competente. “Sexo e boa escolha profissional”, diz o Woody Allen particular de Alice a ela mesma, como uma receita freudiana. Alice, por sua vez, não receita calmantes, nem aspirinas ou antiácidos, senão os filmes de seu mestre. Ela acredita que eles possam curar as dores do corpo e da alma. A diretora, Sophie Lellouche, faz em algumas passagens ótimas citações de filmes de Allen. “Sexo e boa escolha profissional” são, sem dúvida, ótimas receitas, entretanto, sabemos que essas coisas passam pelos desfiladeiros das demandas de amor. Ah! O amor! Os franceses sabem fazer boas coisas com ele, inclusive comédia. Porém, Lellouch homenageia ao mesmo tempo em que convoca Woody Allen e o seu savoir faire sobre o humor. O resultado é uma delícia. Temos ainda Victor (Patrick Bruel) um personagem crucial na trama. Um sujeito que ganha a vida instalando alarmes e dispositivos de segurança. É um improvável candidato para Alice. Além do mais, ela está saindo com um príncipe encantado. O amor tem suas surpresas e armadilhas. Victor é a cereja do bolo; é a azeitona da empada que dá um ótimo toque na comédia. Definitivamente, Paris é lindo, o amor é indispensável e cinema fundamental... 11/01/13

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