quinta-feira, 10 de novembro de 2011

A graça do palhaço é fazer rir com seu vazio

            O Palhaço, filme de Selton Mello, é tão simples quanto belo, uma poesia de cores e poeira na película mágica do cinema. Não sei como é essa coisa de dirigir e atuar ao mesmo tempo, mas Selton obteve excelentes resultados se dividindo nas duas funções. Elogios não só à direção, mas também à fotografia bem integrada aos cenários, aos figurinos, à trilha sonora e às ótimas participações dos atores convidados.
            Benjamim dá vida e graça ao palhaço Pangaré. Ofício que ele aprendeu com seu pai, o palhaço Puro Sangue. Apesar de arrancar risos da platéia, é justamente esse puro sangue circense ou seu destino de palhaço que ele põe em questão. A vida não é engraçada para Benjamim_ “Quem é que vai fazê-lo rir”? Ele está cansado de tudo aquilo. Carrega o circo na boléia do caminhão e o peso do palhaço em seus ombros. Benjamim tem em seu bolso poucos trocados e uma amassada certidão de nascimento.
            Ele tem certa obsessão por ventiladores, seu sonho de consumo é comprar um. Que desejo é esse o de ventiladores? Contudo, este é um desejo de Benjamim que o separa de seu personagem Pangaré.
            E se deixar essa vida para trás? Quem sabe começar uma nova? Ele tira um documento de identidade, consegue um emprego sério e vai atrás da moça que conheceu depois do espetáculo. Poderá ele mudar seu destino? Poderá prescindir da arte de fazer rir com o vazio?
            Vale conferir!        
10/11/11

Nenhum comentário:

Postar um comentário